Pesquisa investiga uso de magnetismo para tratar câncer; estudo será apresentado em Simpósio Mundial
No tratamento de doenças como o câncer, é essencial a aplicação de medicamentos com a maior eficiência possível e que tragam poucos efeitos colaterais aos pacientes. Para alcançar esse objetivo, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Ceará utilizou-se de nanocompósitos magnéticos, promovendo uma administração direcionada dos fármacos.
Sintetizados em laboratório, esses nanocompósitos são feitos a partir de amido, substância não tóxica ao organismo humano, e respondem à atração magnética. Uma vez juntos aos compostos farmacológicos, eles podem ser direcionados para o local em que se queira concentrar as substâncias, com a utilização de um campo magnético.
Com a síntese, foi possível criar uma nanocápsula polimérica que trouxesse, na mesma nanoestrutura, partículas de oncocalixona A (substância extraída do pau-branco, já conhecida da ciência por suas capacidades analgésicas, anti-inflamatórias e anticancerígenas) e partículas modificadas de magnetita.
“A grande vantagem seria o potencial para direcionamento do princípio ativo para uma região de interesse no organismo, potencializando sua ação no local e minimizando a necessidade de doses elevadas, minimizando também efeitos colaterais”, afirma o Prof. Alexandre Carreira, autor principal do estudo, desenvolvido durante doutorado, em andamento, no Programa de Pós-Graduação em Química da UFC.
SIMPÓSIO INTERNACIONAL – O estudo, publicado na revista Carbohydrate Polymers, foi escolhido para ser apresentado no Simpósio Mundial de Pesquisas em Câncer, a ser realizado em maio de 2022, em Cingapura.
“Esse convite é uma oportunidade de divulgar o nosso trabalho da UFC e levar o nome do Ceará para um evento com pesquisadores do mundo inteiro”, opina a Profª Nágila Ricardo, coordenadora da pesquisa e do Laboratório de Polímeros e Inovação de Materiais (LabPIM), do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica da UFC.
“Essa pesquisa abre caminhos no ramo do direcionamento magnético de fármacos. Assim, estudos mais avançados poderão avaliar a resposta da formulação que sintetizamos em sistemas in vivo (animais), mensurando o quanto é possível potencializar a ação de um fármaco direcionando-o a um tecido alvo por atração magnética”, diz a pesquisadora.
TESTES – Em colaboração com o Laboratório de Oncologia Experimental (LOE), do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, foram realizados testes in vitro com as nanopartículas em quatro linhagens cancerígenas humanas: próstata, glioblastoma, leucemia e carcinoma de cólon. O LOE é coordenado pela Profª Cláudia Pessoa.
“Após essa primeira etapa, iniciaremos estudos adicionais em parceria com o Departamento de Farmacologia da Universidade de Genebra, intensificando estudos que irão avaliar a resposta da nossa formulação em diferentes sistemas biológicos”, projeta o Prof. Alexandre, atualmente docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).
A pesquisa, que já tem depósito de patente realizado, conta com suporte financeiro da UFC, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Fontes: Profª Nágila Ricardo, do LabPIM – e-mail: naricard@ufc.br; Prof. Alexandre Carreira, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Química da UFC – e-mail: alexandre.carreira@ifce.edu.br